O atacante Vinicius Jr., do Real Madrid, prestou depoimento nesta segunda-feira (18) no processo que julga quatro torcedores do Atlético de Madrid acusados de um ato racista e ameaçador ocorrido em janeiro de 2023. Em audiência realizada por videoconferência, o jogador revelou ter temido por sua vida e pela segurança de sua família após ver um boneco com sua camisa pendurado em uma ponte da capital espanhola, simulando um enforcamento
“Foi um dia muito triste. Eu não sabia o que aquilo significava, se minha vida e a da minha família estavam em risco”,disse Vinicius, segundo a agência EFE.
O depoimento, colhido com antecedência devido à participação do jogador no Mundial de Clubes, será utilizado como prova no julgamento que começa no dia 16 de junho no Tribunal Provincial de Madri. Os acusados, quatro homens, com idades entre 19 e 24 anos são investigados por crimes contra os direitos fundamentais, dignidade, integridade moral e ameaça incondicional.
A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público, pela Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e pela LaLiga. O MP espanhol solicita quatro anos de prisão e uma indenização solidária de € 6 mil (cerca de R$ 38,4 mil) a Vinicius Jr., por danos morais.
O episódio ocorreu em 26 de janeiro de 2023, véspera do clássico entre Real Madrid e Atlético, quando um boneco vestindo a camisa do brasileiro foi amarrado pelo pescoço a uma ponte nas imediações do centro de treinamento do Real. Acima da cena, uma faixa com os dizeres “Madri odeia o Real”, lema da torcida organizada Frente Atlético, completava o ato. Os suspeitos foram identificados como membros do grupo e já haviam sido monitorados em partidas consideradas de alto risco.
A repercussão foi imediata. O Real Madrid classificou o episódio como “lamentável e repugnante”, ressaltando tratar-se de uma manifestação de racismo, xenofobia e ódio. Em nota, o Atlético de Madrid também condenou a ação e defendeu que, embora a rivalidade entre os clubes seja intensa, o respeito deve prevalecer.
Entidades como a LaLiga e a RFEF também se manifestaram repudiando o ocorrido e cobrando punições exemplares. O julgamento promete ser simbólico em meio à crescente pressão por medidas mais severas contra o racismo no futebol europeu.