Federico Valverde, um dos pilares do Real Madrid nas últimas temporadas, protagonizou um episódio de tensão durante a goleada por 5 a 0 sobre o Kairat, na última terça-feira. A ausência do uruguaio na roda de aquecimento antes do jogo chamou a atenção da imprensa espanhola, especialmente dos diários Marca e As, que destacaram o comportamento incomum do meia, afastado do grupo durante boa parte da preparação.
Inicialmente, imaginou-se que Valverde tivesse permanecido no vestiário, mas ele estava sentado no banco de reservas. A situação ganhou ainda mais peso pelo fato de, na véspera da partida, ter sido escalado para a entrevista coletiva ao lado do técnico Xabi Alonso, gesto que normalmente indica titularidade.
Na coletiva, entretanto, uma declaração gerou ruído. Questionado sobre a possibilidade de atuar como lateral-direito, posição em que já foi improvisado em diferentes momentos, Valverde foi categórico:
“ Jogar como lateral direito? Não nasci para jogar ali. Nunca cresci aprendendo essa função. Já atuei nessa posição e até conseguimos vitórias importantes, mas não me sinto confortável, pois não tenho certas características defensivas. Ainda assim, sempre procurei dar o meu melhor e já deixei claro que estou à disposição do treinador para o que for necessário”, afirmou.
A fala repercutiu mal em Madri, sendo interpretada por parte da imprensa como uma recusa velada a jogar fora de posição. Horas depois, Valverde usou as redes sociais para se defender. Em longo desabafo, admitiu viver um momento de queda técnica, mas negou veementemente qualquer resistência a atuar onde Xabi Alonso o escale.
“Sei que não estou no meu melhor, mas jamais me neguei a jogar. Dei tudo e mais um pouco por esse clube, inclusive lesionado. Tenho orgulho de vestir esta camisa e lutarei em qualquer posição. Posso dizer qual setor prefiro, mas sempre estarei disponível para a equipe”,escreveu o uruguaio.
O episódio dividiu opiniões na Espanha. No programa La Tribu, o jornalista Roberto Gómez criticou duramente a decisão de Xabi Alonso de barrar o meia, classificando a postura do treinador como “vingativa” e relacionando a queda de rendimento de Valverde à falta de uma posição definida dentro do elenco.
“Muito vingativo. Não gostei da forma como Xabi tratou um jogador tão importante, que além de tudo é capitão. Um dia lateral, no outro meio-campista, depois no banco… Isso acaba prejudicando o próprio Valverde”, opinou.
O imbróglio acontece justamente em meio a uma fase de instabilidade do uruguaio, que segue sendo uma das vozes mais respeitadas dentro do vestiário merengue, mas agora convive com questionamentos sobre seu futuro imediato na equipe.