O chefe da Mercedes, Toto Wolff, comentou sobre a demissão de Christian Horner e afirmou acreditar que o ex-diretor da Red Bull voltará ao paddock da Fórmula 1 em algum momento. Para ele, a saída de Horner, que comandou a equipe por duas décadas, é um lembrete de que “mesmo as maiores personalidades fazem parte do sistema solar da F1, e não são o sol”.
Horner foi desligado da Red Bull em julho, após um período de enorme sucesso que incluiu oito títulos de pilotos e seis de construtores. A decisão repentina surpreendeu o mundo da F1 e alimentou rumores sobre um retorno rápido a outra equipe. No Grande Prêmio de Singapura, o chefe da Aston Martin, Andy Cowell, chegou a brincar dizendo que o britânico “já teria sondado vários donos de equipe”.
Wolff, no entanto, garantiu que não houve qualquer contato com a Mercedes. “Quando alguém como ele sai, sempre se pensa que vai voltar. O mundo da Fórmula 1, porém, se move muito rápido. Acredito que ele retornará, mas não sei onde, como ou quando”, declarou o austríaco à Reuters, no circuito de Marina Bay.
As disputas entre Wolff e Horner marcaram algumas das temporadas mais intensas da categoria, especialmente durante os duelos entre Lewis Hamilton e Max Verstappen. As trocas de farpas entre ambos ganharam destaque até na série da Netflix Drive to Survive. Ainda assim, Wolff diz não sentir falta das provocações do rival.
“Talvez a personalidade dele tenha crescido demais dentro da própria equipe”, avaliou. “É fundamental olhar no espelho e se perguntar: ‘fui um idiota hoje?’ Essa reflexão mantém nossos pés no chão quando estamos vencendo corridas e sendo observados por todos.”
Para o dirigente, o caso de Horner também serve como alerta sobre os perigos do ego no ambiente competitivo da F1. “Somos um ecossistema. Quando alguém começa a se achar acima das pessoas, e não com elas, isso se torna perigoso a longo prazo.”
Questionado sobre como mantém a própria humildade, Wolff citou o apoio da esposa, Susie Wolff, ex-pilota e atual chefe da F1 Academy, e lembrou das dificuldades pessoais que enfrentou ao longo da vida. “Passei por drama, trauma, adversidade e luto. Isso me acompanha. Nunca acredito totalmente no sucesso, porque tudo pode mudar a qualquer momento.”
O austríaco destacou ainda a importância de ser desafiado por sua própria equipe: “Sou emocional, e às vezes isso transborda. Nesses momentos, meus colegas me confrontam — e é essencial aceitar quando te dizem que você está errado.”
Com bom humor, Wolff encerrou a entrevista fazendo referência ao clássico faroeste Três Homens em Conflito (The Good, the Bad and the Ugly). “A Fórmula 1 precisa de personagens variados. Horner era um deles. Eu sou o bom, o Fred (Vasseur, da Ferrari) é o feio… e o resto vocês podem imaginar.”