O ex-treinador e tio de Rafael Nadal, Toni Nadal, reacendeu um antigo debate sobre os rumos do tênis contemporâneo. Em entrevista nesta segunda-feira (10), o espanhol afirmou que o esporte se transformou em uma disputa de potência, deixando de lado a tática e a construção de pontos. Para ele, a solução seria reduzir o tamanho das raquetes, o que diminuiria a velocidade das bolas e tornaria o jogo mais estratégico e menos agressivo.
“ Agora muitos vão discordar, mas o verdadeiro problema é que a bola está cada vez mais rápida. As lesões não acontecem pelo número de partidas, e sim pela intensidade e violência dos movimentos. Hoje quase não há mais jogadores táticos como Coria ou Gaudio, que construíam os pontos. O tênis virou uma competição para ver quem bate mais forte. Quando você acelera, freia e começa de novo, o corpo atinge o limite. Precisamos desacelerar o jogo”, afirmou Toni.
O técnico, que foi o principal mentor da carreira de Rafael Nadal até 2017, tem defendido essa ideia há anos. Segundo ele, a evolução tecnológica das raquetes e das cordas contribuiu para o aumento da potência dos golpes, o que tornou o jogo mais físico e menos criativo.
Toni comparou o tênis com o futebol, lembrando que outras modalidades passaram por ajustes nas regras para valorizar o espetáculo.
“ O tênis é o único esporte que começa com um pênalti: se você sacar bem, o adversário nem joga. No futebol, depois da Copa do Mundo de 1990, as regras mudaram para deixar o jogo mais dinâmico, o passe para o goleiro com as mãos acabou, a vitória passou a valer três pontos e os cartões amarelos limitaram entradas violentas. Isso fez o esporte evoluir”,argumentou.
Apesar de defender mudanças profundas, Toni Nadal não acredita que o circuito profissional esteja disposto a adotar medidas que tornem o jogo menos explosivo.
“ Os organizadores não vão mudar nada, porque estão focados nos melhores jogadores. Eles querem manter as coisas como estão. Com raquetes menores, o tênis seria menos violento, mais tático e visualmente mais bonito. Quando McEnroe e Nastase jogavam, víamos movimento, mão e inteligência. Isso era o verdadeiro espetáculo”, concluiu o espanhol.