Em 2000, Shaquille O’Neal viveu uma das campanhas mais dominantes da história da NBA. Foi o cestinha da temporada, eleito MVP da fase regular e também das Finais, conduzindo o Los Angeles Lakers ao título. Apenas outros dois nomes entraram nesse seleto grupo: Michael Jordan (quatro vezes) e Kareem Abdul-Jabbar. Desde então, ninguém mais chegou tão perto de repetir o feito. Até agora.
Shai Gilgeous-Alexander, com apenas 26 anos, está pavimentando seu caminho rumo à eternidade da liga. Dono de uma postura serena e um jogo quase hipnótico, o armador do Oklahoma City Thunder está à frente de uma campanha que pode levar a franquia ao seu primeiro título desde a mudança de Seattle para OKC. Mais do que números, ele tem impressionado pela maturidade e consistência com que conduz sua equipe, jogo após jogo.
Nos dois primeiros confrontos das Finais da NBA, Gilgeous-Alexander anotou 72 pontos, um recorde para um estreante nessa fase da competição. Superou a marca dos 30 pontos em todas as partidas da pós-temporada e mantém média superior a 30 pontos por jogo nos playoffs, consolidando-se como o principal motor ofensivo do Thunder.
“Estou sendo eu mesmo”, afirmou após a segunda partida da série. “Não tentei fazer nada fora do comum. Só estou jogando da maneira certa. Acho que estou indo bem até aqui.”
Mas o impacto de Gilgeous-Alexander vai além do ataque. Ele também lidera a equipe defensivamente, com sete roubos de bola já nesta série final. Entrou para uma lista histórica de jogadores que, em jogos consecutivos das Finais, somaram 30+ pontos e ao menos três roubos, ao lado de lendas como Rick Barry, Dwyane Wade e LeBron James.
“Ele simplesmente continua subindo de nível”, disse o técnico Mark Daigneault. “Não é mais surpresa. Isso é o que ele faz.”
A temporada de SGA tem sido extraordinária em todos os sentidos. Ele se tornou apenas o 12º jogador na história da liga a ultrapassar a marca de 3.000 pontos somando fase regular e playoffs, um clube que inclui Michael Jordan, Wilt Chamberlain e Kobe Bryant. O treinador do Indiana Pacers, Rick Carlisle, reconheceu o impacto: “Com Shai, é como se ele marcasse 34 pontos antes mesmo de embarcar para o próximo jogo. Ele vai pontuar. Nossa missão é apenas tentar dificultar.”
Seu protagonismo também quebra um padrão recente. Em mais de três décadas, poucos armadores conduziram um time ao título com esse grau de centralidade, o mais notório sendo Stephen Curry. Alas e pivôs sempre dominaram o palco principal das Finais.
Gilgeous-Alexander, no entanto, está rompendo essa lógica, e fazendo isso com um elenco jovem ao seu redor. O Thunder é o time mais jovem da NBA, com talentos emergentes como Jalen Williams (24) e Chet Holmgren (23), todos em ascensão e impulsionados por seu líder silencioso.
Caso o Oklahoma City Thunder conquiste o título, Gilgeous-Alexander não apenas encerrará uma jornada brilhante. Entrará para a história como protagonista de uma das maiores temporadas individuais que a NBA já testemunhou.