Roberto Rivelino: o homem que inventou o ”elástico”

Modificar e inovar o futebol está no destino dos grandes jogadores. Há pouco mais de uma dúzia deles na história, mas o herói de hoje é certamente um deles.

Técnica elegante e chute poderoso

Jogar bem era demasiado fácil para Roberto Rivelino – ele queria inventar o jogo. Apenas alguns se recordam, mas um dos dribles mais elegantes do futebol, o drible elástico, não foi criado por Romário ou Ronaldinho, mas sim por Rivelino nos anos 60 do século passado.

O médio soube vencer os adversários com facilidade zombeteira e graça especial, improvisando com a sua técnica como um jazzista com a música.

Rivelino era um mestre consumado em chutes surpreendentes com o pé esquerdo e cobranças de falta de longa distância, o que lhe valeu o apelido de “Patada Atômica”. O seu físico era pior do que o de um velocista, mas a sua destreza na condução da bola frequentemente deixava os melhores defensores do mundo perplexos.

Lembra-se de alguém? Maradona, o eterno antagonista e rival de Pelé, considerava Rivelino como o seu ídolo. O Rei também apreciou muito o seu companheiro de equipa, colocando-o no mesmo nível e chamando-o de sucessor.

Lenda do Corinthians e do Fluminense

O jovem Rivelino começou a sua carreira no futsal – daí a técnica única no futebol, mas em um lugar pequeno, superlotado de grandes talentos. Os pais de Roberto apoiavam o Palmeiras e queriam que o filho jogasse neste clube.

O futuro ícone do futebol brasileiro não impressionou muito os olheiros do Verdão, e acabou por ser contratado pelo Corinthians. Pelo Timão, Rivelino jogou nove temporadas: nesse período, disputou 471 partidas e marcou 141 golos.

O clube da época não teve muita sorte com troféus: com Roberto, o Corinthians conquistou apenas um título significativo, mas foi uma vitória no torneio brasileiro mais forte, o Torneio Rio-São Paulo.

O destino recompensou Rivelino após a sua transferência em 1974 para o Fluminense. Vitórias e títulos caíram sobre o jogador de futebol como se fossem uma chuva de bênçãos. Por exemplo, sagrou-se campeão da Liga Carioca por três anos consecutivos. Depois de quatro temporadas brilhantes no Flu, o jogador partiu para jogar na Arábia Saudita, onde pendurou as chuteiras em 1981.

Temperamento explosivo e verdadeira grandeza

O médio técnico tinha uma relação complicada com a seleção principal do país e, inicialmente, os treinadores não confiavam particularmente no jogador obstinado. Durante muito tempo, Roberto carregou o título não oficial de melhor suplente do Brasil. O seu melhor momento chegou em 1970, no México.

A equipa com Pelé, Jairzinho, Carlos Alberto, Tostão e outras estrelas é considerada uma das maiores da história, e Rivelino foi a sua figura-chave. No torneio, marcou três golos e fez a primeira assistência para Pelé na final. Os brasileiros venceram a Itália por 4 a 1 naquela partida e Rivelino entrou na equipa do torneio simbólico.

Ao contrário de Pelé, que nunca se envolveu em conflitos, Roberto tinha um temperamento explosivo, como convém a alguém com o apelido de “Patada Atômica”. O sangue quente ítalo-brasileiro corria nas veias do jogador, e escândalos o acompanharam ao longo da sua carreira. Muitas vezes, Rivelino recebia advertências por brigas e insultos, acabando por ser afastado do futebol devido a uma briga.

No campeonato da Arábia Saudita, Roberto deu um soco no rosto de um adversário, sendo expulso do país e considerado persona non grata. Bem, quem mais terminou a sua carreira de forma tão espetacular?

Um “valentão” do futebol transforma-se em admirador de um momento para o outro, bastando falar com ele sobre Pelé. Até a sua voz e expressão nos olhos mudam. Rivelino sempre idolatrou o seu brilhante companheiro e maravilhava-se com o seu futebol e as suas qualidades humanas. “O seu lugar é ao lado de Deus. Meu eterno rei.

Descanse em paz”, escreveu Roberto, de coração partido, numa das redes sociais quando o Rei partiu.

Pelé comparou Rivelino a si mesmo e considerou-o um sucessor, mas um dos melhores jogadores da história do futebol não o considera digno de estar ao lado de um ídolo. Não é esta a verdadeira grandeza?

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