Mesmo em guerra, República Democrática do Congo fecha patrocínio milionário com o Barcelona

Aline Feitosa
A República Democrática do Congo (RDC) firmou um acordo de patrocínio com o Barcelona no valor de mais de 40 milhões de euros (cerca de R$ 258 milhões), visando promover o turismo no país, segundo revelou um contrato obtido pela Reuters nesta quinta-feira (17). O país da África Central, que vive um grave conflito armado, aposta no marketing esportivo internacional para impulsionar sua imagem global.

Datado de 29 de junho, o contrato estipula que o slogan “Coração da África”, associado à identidade turística do Congo, será estampado nas costas dos uniformes de treino e aquecimento das equipes masculina e feminina do Barça. Além disso, o logotipo também estará presente em materiais promocionais do clube, como revistas, publicidade e no relatório anual institucional.

O compromisso prevê o pagamento anual de entre 10 milhões e 11,5 milhões de euros por temporada ao longo dos próximos quatro anos. Apesar da confirmação do acordo, nem o Barcelona nem o Ministério do Turismo congolês comentaram oficialmente o conteúdo do contrato até o momento.

A RDC tem expandido sua presença no futebol europeu por meio de acordos semelhantes. No mês passado, os clubes Mônaco e Milan também anunciaram parcerias com o país africano. Segundo o ministro congolês do Esporte, Didier Budimbu, o contrato com o Mônaco gira em torno de 1,6 milhão de euros (R$ 10,3 milhões) por temporada. Já uma fonte do governo revelou que o acordo com o Milan está avaliado em 14 milhões de euros anuais (R$ 90,5 milhões).

O investimento pesado em marketing esportivo contrasta com a grave situação humanitária vivida pela RDC. O país está em guerra e enfrenta ofensivas violentas de grupos rebeldes, como o M23, que no início deste ano tomou a cidade estratégica de Goma, no leste do país, em um ataque relâmpago.

Em fevereiro, a ministra das Relações Exteriores da RDC, Therese Kayikwamba Wagner, criticou duramente campanhas internacionais associadas a regimes acusados de envolvimento em conflitos. Ela chegou a pedir publicamente que Arsenal, Bayern de Munique e Paris Saint-Germain suspendessem seus acordos de patrocínio com o projeto “Visit Rwanda”, chamando-os de “manchados de sangue”.

Embora Ruanda negue apoiar o M23, um relatório recente de especialistas da ONU, obtido pela Reuters, aponta que o governo ruandês exerce comando direto sobre os rebeldes, o que teria garantido acesso a territórios ricos em minerais e fortalecido sua influência política na região.

Enquanto a instabilidade no leste congolês continua a se agravar, o governo aposta em parcerias esportivas com grandes clubes europeus como estratégia de reposicionamento internacional, ainda que em meio a críticas e polêmicas.

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