O calendário do futebol brasileiro voltou a ser alvo de críticas, desta vez por uma figura de peso internacional. Mario Gómez, ex-centroavante da seleção alemã e ídolo do Bayern de Munique, classificou como “criminosa” a quantidade de jogos enfrentada pelos clubes no Brasil ao longo da temporada. Atualmente diretor de futebol do grupo Red Bull, responsável pelo Red Bull Bragantino e outros clubes ao redor do mundo, Gómez demonstrou preocupação com a sobrecarga enfrentada pelos atletas.
Em entrevista recente, o dirigente apontou os campeonatos estaduais como um dos principais vilões da agenda nacional e questionou a falta de descanso entre o fim de uma temporada e o início da seguinte:
“Eu sei que as competições regionais são importantes, são fortes, mas começar elas após poucas semanas de descanso é algo que eu e o Jürgen (Klopp) não conseguimos entender. É uma loucura. Para ser honesto, é criminoso com os jogadores”, disparou o alemão, que integra a equipe diretiva da Red Bull ao lado do técnico multicampeão do Liverpool.
Gómez, que esteve no Brasil recentemente acompanhando partidas do Bragantino no Nabi Abi Chedid, estádio que encerrou suas atividades e será demolido, apontou a estrutura do calendário como um dos maiores desafios do futebol brasileiro:
“Não entendo por que o Brasil tem três meses de competição regional antes da nacional. A quantidade de jogos, na minha opinião, é excessiva. É um dos maiores problemas do futebol daqui.”
A crítica reacende um debate antigo. A estrutura inchada dos campeonatos estaduais e a falta de sincronia com os calendários internacionais têm sido apontadas há anos como entraves para a evolução do futebol nacional. Nos últimos dias, a questão voltou à tona com o discurso do novo presidente da CBF, Samir Xaud.
Durante sua posse, no último dia 25, Xaud prometeu mudanças significativas, começando pelos estaduais. O dirigente defendeu uma reformulação que limite os torneios a 12 datas, como forma de aliviar a agenda e preservar a qualidade técnica e física dos atletas:
“Assumo o compromisso de implementar imediatamente mudanças no calendário. Entre as prioridades está a reorganização dos campeonatos estaduais, com limite de 12 datas, sem comprometer a qualidade e a sustentabilidade financeira das competições”, declarou o novo presidente da CBF.
A promessa marca um novo capítulo na tentativa de modernizar o futebol brasileiro, ainda que os obstáculos políticos e comerciais tornem a missão desafiadora. Por enquanto, o diagnóstico segue claro: jogadores exaustos, clubes pressionados e uma agenda que, aos olhos do mundo, beira o insustentável.