O grupo português Medialivre, que tem o astro Cristiano Ronaldo como um de seus principais acionistas, enfrenta uma onda de críticas e protestos após a demissão de dez fotojornalistas na última quarta-feira (30). Os profissionais prestavam serviços para importantes veículos do grupo, como Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios e a revista Sábado
A decisão, tomada na véspera do Dia do Trabalhador, gerou indignação no setor e motivou um protesto nesta quinta-feira (1º), na Praça Martim Moniz, em Lisboa. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Jornalistas de Portugal (SJ), que emitiu nota classificando o momento da demissão como “inqualificável”.
“ Anunciar um despedimento coletivo na véspera do Dia do Trabalhador, data simbólica para as conquistas laborais, é um desrespeito. A gravidade aumenta ao se tratar de jornalistas e de um grupo que afirma estar operando com lucros”, afirmou o sindicato.
As demissões ocorreram menos de dois meses após Cristiano Ronaldo adquirir 30% das cotas do Medialivre, em um movimento que causou grande repercussão no meio empresarial e midiático português. Em março, o jogador chegou a visitar a sede do grupo e declarou: “Queria muito estar aqui, conhecer as pessoas”.
Diante do corte de profissionais, o SJ também questionou a postura de Ronaldo, destacando que o Medialivre está entre os poucos grupos de mídia no país com resultados financeiros positivos.
“ Lamenta-se que Cristiano Ronaldo, cuja renda ultrapassou os 250 milhões de euros no último ano segundo a Forbes, tenha se tornado acionista relevante apenas para, em seguida, permitir esse tipo de medida”, acrescentou a entidade sindical.
A crise evidencia a tensão entre a sustentabilidade financeira dos veículos de comunicação e a valorização do trabalho jornalístico, especialmente em um cenário em que figuras públicas passam a ocupar espaços de decisão em empresas do setor. A repercussão do caso segue crescendo, dada a relevância do grupo Medialivre e a imagem global de Ronaldo.