Curaçao escreveu um capítulo inédito em sua história esportiva nesta terça-feira (18). A seleção caribenha empatou por 0 a 0 com a Jamaica, fora de casa, e assegurou a liderança do Grupo B das Eliminatórias da Concacaf, resultado que garantiu ao país sua primeira classificação para uma Copa do Mundo.
A conquista é histórica por vários motivos. Com apenas 444 km² e cerca de 158 mil habitantes, Curaçao será a menor nação a disputar um Mundial de futebol. O recorde anterior pertencia a Cabo Verde, que também estará na próxima edição da Copa e possui um território dez vezes maior, com 4.033 km².
Outro fato que chama atenção é a formação da equipe. Nenhum dos 24 jogadores convocados pelo técnico Dick Advocaat para a partida decisiva nasceu em Curaçao. Todos são naturais de cidades da Holanda, mas têm raízes familiares na ilha, consequência direta da relação histórica entre os dois territórios.
Até 2010, Curaçao, Aruba, Bonaire, Santo Eustáquio e São Martinho compunham as Antilhas Holandesas. Com a dissolução do conjunto, Curaçao se tornou um país autônomo dentro do Reino dos Países Baixos, mantendo cidadania e passaporte holandeses. Essa ligação fez com que muitos atletas descendentes de curassianos, mas nascidos na Europa, pudessem defender a seleção caribenha.
Advocaat destacou essa realidade ao comentar a classificação inédita:
“Há muitos jogadores que cresceram sonhando em vestir a camisa da Holanda. Alguns já têm 23, 24 ou 25 anos e não pensam mais na seleção europeia. Aqui, oferecemos uma oportunidade, e, felizmente, eles escolheram Curaçao.”
Com um feito que mistura história, identidade e futebol, Curaçao chega ao Mundial como uma das grandes surpresas da competição.