O Cuiabá utilizou a rede social “X” (antigo Twitter) na quarta-feira (17) para cobrar publicamente o Corinthians pelo não pagamento da primeira parcela referente à compra do volante Raniele.
Em tom irônico, o clube mato-grossense publicou:
“Faltam 3 horas e 54 minutos para o fim do dia 17 de julho e até agora NADA. Estamos aguardando… Já faz mais de 365 dias que estamos aguardando!!!”
A postagem faz referência ao acordo firmado entre os clubes, que previa o pagamento de R$ 18 milhões pela transferência do jogador, realizada em janeiro de 2024. A primeira parcela deveria ter sido quitada até o fim desta quarta-feira, o que não aconteceu, segundo o Dourado.
Em abril, o presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, já havia criticado a postura do Corinthians e a decisão da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD), da CBF, que permitiu ao clube paulista parcelar a dívida em 24 vezes trimestrais, o que, na prática, estende os pagamentos até 2031, sem aplicação de juros.
“Esse acordo é um absurdo. O valor é irrisório perto do que o Corinthians fatura. E ainda segue contratando normalmente. O jogador será quitado só em 2031, e sem juros. Isso não existe”, afirmou Dresch na ocasião.
Insatisfeito, o Cuiabá formalizou um pedido à CNRD para revisar o modelo de pagamento. O dirigente também fez um apelo para que outros clubes evitem negociar com o Corinthians, em razão do que classifica como “falta de compromisso financeiro”.
“É lamentável. Esperávamos neutralidade da CNRD, mas o que vimos foi o contrário. Essa decisão é um convite ao calote. Os clubes menores continuam sendo os mais prejudicados”, desabafou.
As críticas refletem um cenário mais amplo: o Corinthians convive com uma dívida superior a R$ 76 milhões em processos semelhantes, além da correção pela inflação. De acordo com dirigentes de clubes credores, a flexibilização da CNRD tem favorecido o inadimplemento, enfraquecendo o equilíbrio nas relações entre grandes e pequenos clubes.
O diretor de futebol do Corinthians, Fabinho Soldado, reconheceu a gravidade da situação em entrevista ao CNN Esportes S/A:
“As dívidas são enormes. Essa conta não fecha. Isso compromete diretamente a parte esportiva. Quando falamos da RCE (Regime Centralizado de Execuções), é porque precisamos de segurança jurídica. Todo mundo quer receber, com razão. E isso afeta profundamente o futebol.”
A tensão entre Cuiabá e Corinthians evidencia a crescente pressão por responsabilidade fiscal no futebol brasileiro, e os efeitos diretos na competitividade esportiva e institucional dos clubes.