O conselheiro trienal do Corinthians e integrante do Conselho de Orientação (CORI), Paulo Pedro, fez duras críticas ao movimento SAFiel, grupo formado por torcedores e associados que defende a transformação do clube em uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Para ele, embora o debate sobre o futuro do Corinthians seja legítimo, a discussão deve ocorrer dentro das instâncias do clube e com base em informações concretas.
“Qualquer debate que traga soluções para o Corinthians é bem-vindo. Eu gosto de debate, acho sadio e necessário. Mas me incomoda o movimento externo, essa pressão vinda de fora para depois se discutir internamente”, afirmou o conselheiro.
Paulo Pedro também se mostrou insatisfeito com a postura de alguns representantes da SAFiel, que afirmaram não querer participar da “política suja do Parque São Jorge”.
“Isso me incomoda. Eu não sou sujo, nem admito ser chamado assim. Esse tipo de postura gera um desgaste desnecessário”, rebateu.
O conselheiro ainda questionou a consistência financeira e jurídica do modelo proposto pelo grupo. Segundo ele, não há comprovação de que os idealizadores do projeto poderiam captar os R$ 1,6 bilhão prometidos para quitar as dívidas do clube.
“Eles falam em pesquisas que mostrariam a viabilidade dessa captação, mas nunca apresentaram esses estudos. E, do ponto de vista jurídico, a pessoa jurídica criada por eles não atende aos requisitos formais exigidos pela CVM para captar recursos. É um projeto um pouco capenga, com questões que não param de pé”, criticou.
Ao abordar o aspecto societário, Paulo Pedro lembrou que, por lei, o peso do voto em uma SAF é proporcional ao capital investido.
“Quem compra R$ 2 milhões em ações terá muito mais poder do que quem aplica R$ 200. Isso é da lei. E ainda há a possibilidade de acordos de acionistas que concentram o poder, independentemente do estatuto”, explicou.
O conselheiro também destacou que as propostas por governança e transparência não são exclusividade da SAFiel. Ele afirmou que seu grupo político, o Movimento Corinthians Grande, defende essas pautas há anos.
“Desde 2018 falamos em governança e transparência, mesmo sem vencer eleições. Mas nunca criamos um movimento externo para tentar conquistar o poder à força. Essa ideia de se colocar como a única salvação do Corinthians nunca termina bem”, declarou.
Paulo Pedro encerrou suas declarações citando o caso de Augusto Melo, eleito presidente em janeiro de 2024 e afastado por impeachment em agosto do mesmo ano.
“A eleição do último presidente, que acabou impichado, é um exemplo disso. Quando se tenta impor um projeto como a única saída, o resultado raramente é positivo”, concluiu.
Em resposta, o movimento SAFiel publicou nesta terça-feira (11) uma série de mensagens nas redes sociais comentando pontos levantados pelo setor de compliance do Corinthians sobre o projeto e reafirmando seu compromisso com a transparência e o diálogo.