A classificação do Haiti para a Copa do Mundo, conquistada nesta terça-feira (18), foi celebrada como um marco para o país caribenho, mas veio acompanhada de um problema que ultrapassa o futebol. Mesmo garantida no Mundial, a população haitiana segue proibida de entrar nos Estados Unidos devido ao decreto migratório de Donald Trump, restabelecido este ano, que veta a entrada de cidadãos de 12 países.
Outra seleção afetada é o Irã, que também estará no torneio. Os jogadores poderão participar graças a uma exceção prevista para atletas envolvidos em grandes competições internacionais. No entanto, torcedores, familiares e profissionais de imprensa permanecem barrados, frustrando o sonho de acompanhar a equipe de perto.
Se o Haiti tiver partidas marcadas em solo americano, jogadores e comissão técnica ficarão isolados de sua comunidade, sem o apoio presencial de seus próprios compatriotas. Por isso, a tendência é que a organização opte por colocar o time para atuar no Canadá ou no México, evitando desgaste diplomático e possíveis protestos.
As restrições migratórias já haviam afetado o futebol haitiano em anos recentes. Em 2023, vários atletas do Violette AC tiveram vistos negados e o clube precisou recorrer a jogadores amadores para enfrentar o Austin FC pela Liga dos Campeões da Concacaf.
No ano anterior, o Cavaly desistiu da competição por não conseguir autorização de entrada para duelar com o New England Revolution.
O endurecimento das políticas migratórias ganhou força na corrida presidencial de 2024, impulsionado por fake news que alegavam, falsamente, que haitianos estariam comendo cães e gatos em abrigos nos EUA.
Embora desmentida, a narrativa reforçou o ambiente de hostilidade e serviu de argumento para sustentar o decreto, sob a justificativa de “segurança nacional”.