A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) se viu em um imbróglio jurídico e institucional ao tentar desfazer o contrato firmado com o empresário Diego Fernandes , responsável por intermediar a contratação de Carlo Ancelotti como técnico da Seleção Brasileira. O acordo, firmado ainda durante a gestão de Ednaldo Rodrigues, prevê o pagamento de 1,2 milhão de euros (cerca de R$ 7,7 milhões) em comissão ao agente, além do reembolso de despesas operacionais, como o uso de uma aeronave particular na vinda do treinador ao Brasil.
Com a chegada da nova administração à presidência da CBF, o setor jurídico da entidade analisou a possibilidade de anular o contrato, mas chegou à conclusão de que dificilmente teria sucesso na Justiça. O principal motivo é que Ednaldo Rodrigues, à época da assinatura, ocupava legitimamente o cargo de presidente da confederação, o que valida juridicamente o acordo.
Além da comissão milionária, o contrato firmado com Fernandes lhe concede direitos de divulgação sobre a negociação e obriga a CBF a reconhecê-lo oficialmente como intermediário do processo. Esse último ponto, no entanto, é o que mais preocupa os dirigentes atuais.
A Fifa notificou a CBF exigindo esclarecimentos sobre a atuação de Fernandes, já que o empresário não possui licença para atuar como agente credenciado, um requisito obrigatório segundo o regulamento da entidade máxima do futebol. De acordo com o Artigo 11 das regras internacionais, apenas agentes licenciados podem participar de negociações envolvendo jogadores ou treinadores. Já o Artigo 15 determina que comissões só podem ser pagas a representantes oficialmente registrados.
Outro ponto de conflito é o valor da comissão paga, que ultrapassa os 10% permitidos pelas diretrizes da Fifa para esse tipo de intermediação. Esse possível excesso pode configurar mais uma violação regulatória.
Diante do desconforto gerado, a CBF limitou-se a declarar que o contrato com Fernandes é confidencial e que não comentará os detalhes publicamente. Internamente, o caso é tratado como uma “herança indesejada” da gestão anterior, e uma bomba jurídica que ainda pode gerar desdobramentos.