O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi oficialmente tornado réu na Justiça do Distrito Federal sob acusação de fraude em apostas esportivas. A denúncia, apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), foi aceita pelo juiz Fernando Brandini Barbagallo, da 7ª Vara Criminal de Brasília, e também envolve o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior.
O caso tem origem em um episódio ocorrido na 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023, durante a partida entre Flamengo e Santos. Segundo a investigação, Bruno Henrique teria forçado deliberadamente um cartão amarelo com o objetivo de beneficiar apostadores próximos — entre eles, seu próprio irmão, que teria realizado apostas específicas prevendo a advertência do atacante.
“Bruno Henrique teria, de forma deliberada, praticado conduta antidesportiva para ser punido com cartão, o que beneficiaria seu irmão, o também denunciado Wander, que incentivou o comportamento criminoso e ainda apostou”, aponta trecho da decisão judicial. Apesar da aceitação da denúncia por fraude em competição esportiva, o juiz rejeitou a acusação de estelionato.
O atleta e o irmão têm prazo de 10 dias para apresentar defesa após a notificação oficial. As suspeitas surgiram no início de 2024, quando a Polícia Federal e o MPDFT deflagraram a Operação Spot-Fixing, voltada ao combate à manipulação de eventos esportivos.
As autoridades focaram em um lance ocorrido em 1º de novembro de 2023, quando Bruno Henrique foi advertido com cartão amarelo e, logo em seguida, expulso por reclamação acintosa à arbitragem.
A investigação apontou que o atleta teria coordenado ações para beneficiar familiares e pessoas próximas, incluindo sua cunhada, prima e outros sete apostadores. Eles teriam lucrado até R$ 5 mil cada, utilizando plataformas como Kaizen Gaming, GaleraBet e Betano.
Mensagens recuperadas do celular do irmão de Bruno Henrique indicam que o jogador teria alertado os envolvidos sobre estar “pendurado” e até orientado sobre o momento da advertência, evidências consideradas cruciais para o indiciamento.
Bruno Henrique foi formalmente indiciado pela Polícia Federal em 16 de abril de 2025. No campo esportivo, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) abriu inquérito ainda em novembro de 2024 e, em junho deste ano, recebeu os autos da PF para análise disciplinar. O atacante chegou a prestar depoimento por videoconferência ao tribunal, em maio, alegando compromissos com o Flamengo como justificativa para adiar sua presença física.
A defesa do jogador já solicitou arquivamento do processo e o envio do caso à Justiça Federal. O Ministério Público avaliará se oferecerá nova denúncia no âmbito criminal, enquanto o STJD estuda possíveis punições esportivas, que podem incluir suspensão ou multa.
Apesar do avanço das investigações, o Flamengo mantém Bruno Henrique à disposição e reitera seu compromisso com a presunção de inocência, acompanhando o caso com atenção enquanto aguarda os desdobramentos nas esferas judicial e esportiva.