Aos 89 anos, Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa entre 1998 e 2015, voltou a se posicionar publicamente contra decisões da atual administração da entidade, liderada por Gianni Infantino. Em entrevista à emissora alemã RTL, o suíço criticou duramente a condução do processo que levou à escolha da Arábia Saudita como sede da Copa do Mundo de 2034 e afirmou que o futebol perdeu sua autonomia para interesses externos.
“Perdemos o futebol para a Arábia Saudita. E, surpreendentemente, não há qualquer oposição dentro da Fifa. Durante o meu mandato, havia debates no congresso, hoje não se discute mais nada”, declarou Blatter.
A crítica, no entanto, vem carregada de contradição histórica: foi sob a gestão do próprio Blatter que o polêmico Catar foi escolhido como sede da Copa de 2022, decisão que ele, mais tarde, reconheceu publicamente como um erro.
Blatter também aproveitou para questionar o comportamento institucional de Infantino, citando um episódio ocorrido em maio deste ano, quando o atual presidente da Fifa se atrasou para um congresso no Paraguai, provocando a saída de delegados europeus em protesto. Para o ex-dirigente, o episódio exemplifica o que chamou de “desrespeito e desprestígio” da liderança atual.
Outro ponto criticado foi a expansão do Mundial de Clubes, cuja nova formatação prevê mais jogos e equipes participantes. Segundo Blatter, a mudança desconsidera os limites físicos dos atletas e compromete a integridade do esporte.
“Há futebol demais. São sempre os mesmos clubes e os mesmos jogadores, que deveriam ter períodos de descanso. Jogaram em um verão escaldante, o que é prejudicial e irresponsável. É preciso proteger os atletas”, alertou o suíço.
As declarações reforçam a crescente tensão entre diferentes visões sobre o futuro do futebol global. Blatter, embora afastado da Fifa desde 2015 por escândalos de corrupção, ainda mantém voz ativa nas discussões sobre os rumos da entidade que comandou por quase duas décadas.