A Federação Alemã de Futebol (DFB) avalia a criação de um mecanismo de compensação financeira para casos em que jogadores formados nas categorias de base do futebol alemão optem por representar outras seleções nacionais. A proposta foi revelada pelo diretor-geral da entidade, Andreas Rettig, em entrevista à agência DPA.
“Não faz sentido que um jogador que foi desenvolvido por seu clube por cinco anos e também pela federação como júnior possa mudar de seleção nacional gratuitamente”, afirmou Rettig.
A discussão ganha força em meio a um número crescente de atletas com dupla nacionalidade que, apesar de terem passado pelas divisões de base da Alemanha, acabam defendendo o país de origem de suas famílias.
Entre os exemplos estão Ibrahim Maza, atualmente na seleção da Argélia, e os jovens Kenan Yıldız (Juventus) e Can Uzun (Eintracht Frankfurt), ambos nascidos na Alemanha, mas que decidiram jogar pela Turquia.
Segundo Rettig, a DFB estuda formas legais de implementar um modelo de compensação, especialmente para reconhecer o investimento feito no desenvolvimento desses atletas.
“Estamos analisando se é possível estabelecer um sistema que preveja uma compensação quando jogadores mudam de federação nacional”, explicou o dirigente.
Apesar das perdas, a Alemanha também tem colhido frutos da diversidade cultural em seu futebol. Jogadores de origem estrangeira como Ilkay Gündogan, Mesut Özil e Sami Khedira marcaram época na seleção, e o jovem El Mala foi recentemente convocado pela primeira vez para as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
Rettig ressaltou ainda que o cenário multicultural é cada vez mais representativo do país:
“Atualmente, 43% das crianças com menos de cinco anos têm dupla nacionalidade na Alemanha. Em algumas equipes, é comum ver sete ou oito jogadores titulares com essa condição”, destacou.
A medida, se implementada, poderá abrir um novo debate internacional sobre a formação e os direitos de federações que investem em talentos que acabam representando outras nações.